


The Jesus and Mary Chain
A história do The Jesus and Mary Chain começa em uma pequena cidade da Escócia, East Kilbride, uma cidade bem típica daquele país: chove um dia, noutro também e no próximo, idem. Faz frio o ano inteiro, e não há nada para os jovens fazerem que não seja encher a cara nos bares locais ou tentar montar uma banda de rock para fugir da pobreza e não depender do auxílio-desemprego do governo.
Em 1983, Jim e William resolveram gravar uma demo com duas músicas e em 1984 convidaram o baixista Douglas Hart e o baterista Murray Dalglish para montarem um grupo. Nascia assim o The Jesus and Mary Chain, nome provavelmente tirado de um antigo filme de Bing Crosby, versão jamais confirmada pelos irmãos Reid.
Uma cópia dessas demos acabou chegando até Alan McGee, que estava montando a Creation. Jim se lembra do primeiro contato com Alan: “é uma estória bizarra. na verdade. Fizemos contato com a Creation para gravarmos apenas um compacto. Se a Creation fosse naquela época o que se tornou depois, jamais a teríamos deixado. Alan tinha apenas 500 libras no banco e mesmo assim gravamos o compacto.”
O grupo já fazia seus shows em Londres, para onde haviam se mudado, e começavam a criar um espetáculo curioso. Na verdade, mais parecia uma catarse. As apresentações duravam menos de 15 minutos e era lotada de uma microfonia insuportável, enquanto Jim balbuciava palavras, com todos vestidos de pretos e imóveis no palco. Alan acabou montando um clube chamado Living Room e o Jesus estreou no dia 9 de junho abrindo para o Primal Scream, com 20 pessoas presentes e uma apresentação de apenas 10 minutos.
O grupo entrou no estúdio e gravou seu primeiro compacto, Upside Down, que fez um sucesso impressionante, vendendo 35 mil cópias e tendo “Vegetable Man”, no lado B. Essa seria a única gravação com Murray na bateria.
Rapidamente o Jesus and Mary Chain virou uma sensação. O compacto mostrava um som que misturava Velvet, Stooges e Troggs: camadas de guitarra, vocais murmurados e belas melodias escondidas no meio daquela confusão. Além disso, todos se vestiam de preto e ainda usavam óculos escuros.
Em novembro, Murray é substituído por Bobby Gillespie, líder do Primal Scream, antigo amigo de Alan McGee, que tinha lhe enviado a demo do grupo. Mesmo não sendo um baterista originalmente, Bobby tinha mais recursos do que Murray e foi encorporado ao quarteto. Segundo William Reid, Murray (um garoto de apenas 16 anos) era tão limitado que ele, William, acabou sendo o baterista do primeiro compacto.
Bobby já havia cruzado com William, Jim e Douglas várias vezes e topou ser o baterista da banda, até porque o Primal não progredia muito. Assim, os quatros entraram novamente em estúdio e, em fevereiro de 1985, lançam um segundo compacto, Never Understand.
Never Understand também marca uma outra mudança na vida da banda. Após o sucesso do primeiro compacto, Alan McGee sabia que a Creation não teria como segurar mais o grupo, que recebia várias propostas. Mas Alan não queria deixar o Jesus e se tornou o empresário oficial do quarteto. Após várias propostas, acabaram assinando com a pequena Blanco Y Negro, uma subsidiária da Warner. O motivo alegado para tal escolha é que todas as grandes gravadoras faziam questão de mexer no visual dos garotos, especialmente em seus desgrenhados cabelos.
Assim, Never Understand marca a estréia pela Blanco Y Negro. O compacto de sete polegadas tinha “Suck” no lado B, acrescida de “Ambition”, na versão de 12.